Marco Aurélio foi o último dos 5 bons imperadores de Roma. Durante seu reinado enfrentou diversas guerras, pragas e traições, mesmo assim se manteve íntegro, comprometido em administrar Roma da melhor maneira, misericordioso com os inimigos e justo nas suas decisões. Durante sua vida ele se dedicou ao estudo e à reflexão da filosofia, sendo um praticante do estoicismo, vários de seus escritos foram registrados na forma de diários e foram publicados anos após sua morte com o título de “Meditações”.
Neste diário privado Marco Aurélio enumera as coisas que aprendeu com as pessoas em sua vida. É como se ele estivesse enumerando as coisas pelas quais ele é grato.
- Bom caráter e serenidade
- Discrição e virilidade
- Interessante que ele valorizava a discrição, uma coisa não tão comum nos imperadores Romanos (vide Nero e César).
- Religiosidade, generosidade, vida simples; disposição de não apenas não fazer o mal e sim nem chegar a pensar nele
- Bons professores e o saber que se deve gastar com eles
- Suportar fadigas, ter poucas necessidades, não dar ouvidos a calúnias (fofocas), não dar ouvidos a extremistas
- Não se ater a preocupações inúteis. Não ouvir magos que dizem saber de coisas impossíveis. Não manter e nem se estusiasmar com supertições
- Importância de uma conduta correta. Importância do cuidado ao falar (não escrever obras especulativas, maliciosas, que só pretendem chamar a atenção). Escrever com simplicidade, sem linguagem afetada. A não amar glórias e sinais de honrarias a ponto de se envaidecer com eles. Buscar a reconciliação com os que lhe fizeram mal, tão logo seja oportuno. Ler com precisão, buscando sempre um conhecimento profundo do que está escrito.
- O valor da liberdade. A argumentar e tomar decisões baseada em fatos, livres de influências. Não ter outro guia além da Razão. Ser o mesmo apesar das situações, não mudar, não se encolerizar, não perder a essência em meio as dores e lutas da vida. A ensinar com toda a paciência, mesmo que se tenha outras coisas grandiosas a fazer. A pedir favores sem humilhação e a reconhecê-los.
- Benevolência. Modelo de família conduzida pela autoridade paterna. A viver de acordo com a natureza (seria, segundo os romanos, viver segundo a vontade dos deuses que seria a racionalidade). Ser ilustre, sem afetação. A responder aos pedidos de amigos com boa vontade. A tolerar com paciência os ignorantes (agem mal por falta de conhecimento). Harmonizar-se com todos, buscando sempre conversar e chegar a um consenso. A não ser tomado por paixões (seja ira, ódio, ou outro), ainda que não passional, ser afetuoso. Aprovar sem alarde. Não onstentar conhecimento.
- Não censurar, envergonhar quem por deslize erra palavras ou as pronuncia de forma errada, antes fazer isso como faria um professor, com cuidado e com boas intenções.
- Como a inveja, astúcia e a hipocrisia são características dos tiranos.
- Não fugir dos deveres com os que convivemos por causa de outras ocupações.
- Quando acusado por um amigo (ainda que o mesmo esteja errado), não se irar, mas trabalhar para que o mesmo volte a disposição anterior (de amigo). A honrar os mestres com ardor. E a tratar suas crianças com devida afeição.
- Amor a família, justiça e verdade. A ideia de um governo justo para com os governados (ele fala basicamente de um estado de bem estar social :]). Persistência nos estudos da filosofia. A vontade de fazer o bem e compartilhar. O ser esperançoso. Acreditar ser amado e querido por amigos. Fazer conhecidos seus pensamentos de modo que se eu desaprovo alguém isso não seja surpresa para a pessoa.
- Valorizar o autocontrole, mantendo-se no caminho da razão. Mantendo também a plena confiança e o bom-humor em certas situações. A fazer o que lhe cabe sem reclamações. A fazer o bem, perdoar, rejeitar a falsidade, a não assombrar-se ou precipitar-se, a não adiar algo. Ser alguém que não pode ser desviado da retidão.
- Polidez. Paciência. Não se deixar levar por honras, pelo contrario trata-las com indiferença. Amar o trabalho. Persistir. Discernir quando agarrar uma vantagem e quando abrir mão. A ter os ouvidos abertos aos que podem contribuir. Honrar cada um segundo seu merecimento. Manter cuidadosa deliberação sobre temas, não se deixando levar por ideias que parecem fáceis e repentinas. Preservar os amigos, mas sem gostar deles exacerbadamente. A contentar-se com tudo. Ser preventivo em relação ao futuro. Rejeitar a bajulação. Cuidar dos assuntos do estado (aqui pode ser dos outros) com todo o zelo possível. Não ser supersticioso. Não utilizar de táticas e artifícios para conquistar o favor dos outros. Manter-se digno, prudente e firme, tendo sempre em mente o que é bom e nobre. Gozar dos prazeres da vida de acordo com suas posses, sem afetação e sem delas carecer. Não ser bajulador, ou “fã”, demonstra tua admiração como homem maduro que és, capaz de governar a si mesmo e aos outros. Cuidar do corpo, com moderação, ser sem apego a vida, sem visar o embelezamento, mas sem negligênciar afim de ter um vida saudável e plena. Não ser invejoso. Evitar a inconstância e a inquietação. A manter poucos segredos. A vestir-se de maneira simples. A administrar as coisas de forma ponderada, harmoniosa, ordenada e firme. Manter-se sóbrio e moderado são os sinais de um homem integro e honrado.
- Aqui ele reflete ao que os deuses lhe deram. Uma boa família. Bons amigos. Sabedoria de conservar-se jovem e não adiantar-se no tempo, que aceitou a autoridade quando devia, que optou por ser simples ao invés de se esbanjar nos deleites da vida de uma príncipe. Filhos perfeitos. De seus desentendimentos, nada fez que fosse causa de arrempedimento. Nunca lhe faltou dinheiro para ajudar aos pobres e que ele mesmo nunca precisou desse tipo de ajuda. Uma esposa amorosa. Pessoas para educar os filhos. Direção nos estudos e na vida.